domingo, 8 de março de 2015

Resumo em prosa de alguns episódios de "Os Lusíadas"

"INÍCIO DA NARRAÇÃO E CONSÍLIO DOS DEUSES

Iam os barcos já na costa de Moçambique, rápidos, entre a branca espuma das ondas.
A Índia estava longe, mas o caminho para alcançá-la era aquele e decerto lá chegariam, se o vento e o mar lhes fossem favoráveis e, sobretudo, se a coragem não os abandonasse.
Ai deles, porém!
Sempre que um povo tenta desvendar e conhecer paragens até então desconhecidas, parece que as forças da natureza ou a inveja dos outros homens tudo fazem para os não deixar vencer...
Assim, os deuses ou forças, que vivem nas coisas e nas almas, discutiam se sim ou não os deviam deixar triunfar.
Júpiter, Vénus, Baco, Marte, Apolo e Neptuno juntaram-se todos para resolver se dariam ou não auxílio aos portugueses.
Bastava que Júpiter desencadeasse um grande temporal sobre as frágeis embarcações para que um naufrágio as engolisse. Vénus e Marte, que eram amigos dos portugueses, não queriam. Mas Baco, que tivera outrora poder na Índia e receava que os portugueses lho tirassem, preparava-se para os inquietar...
No Olimpo, grande discussão houve entre os deuses a propósito dos nossos portugueses e da melhor decisão a tomar sobre o destino das suas naus...

INÊS DE CASTRO

Aconteceu um caso triste, mas que mostra quanto é sincero e terno o coração dos portugueses...
D. Afonso IV tinha um filho, D. Pedro, que gostava muito de uma dama da rainha, chamada D. Inês de Castro; mas o príncipe não podia casar com uma senhora qualquer, mas só com uma princesa de sangue real. Por isso, D. Afonso afligia-se ao ver o filho tão preso dos encantos de D. Inês e não querendo casar-se com nenhuma princesa verdadeira.
O Rei aconselha-se com os seus ministros e resolveram tirar a vida à pobre D. Inês, cujo o único pecado e crime era amar o seu príncipe.
Vão buscá-la a Coimbra e trazem-na arrastada à presença do Rei.
Apertando muito ao peito os filhinhos que tinha de D. Pedro, Inês chora, pede e suplica piedade, não para ela, mas para os filhos que, ficando órfãos, tudo perderiam.
Ainda se comove o rei, mas não se comovem os conselheiros. Arrancam das espadas de aço fino e trespassam o seio da formosa Inês.
Assim que ela morreu, chorou-a todo o povo, tão nova e bonita era a apaixonada de D. Pedro. Este não se esqueceu nunca da sua amada. Assim que subiu ao trono, coroou-a rainha como se viva fosse, entre festejos e pompas solenes. E castigou com severidade os ministros responsáveis pela morte da sua amada. Mas nem só a eles castigou. Enquanto reinou nunca perdoou nenhum crime, e não consentiu já mais que um homem mau vivesse tranquilo e impune.
Foi justo e, por vezes, cruel. Mas, austero e bravo, soube defender o seu reino das cobiças alheias.

(...)
DESPEDIDAS DE BELÉM

No porto de Lisboa, onde o Tejo mistura as suas águas com a água salgada do mar, estão as naus prontas a sair.
Ninguém receia a viagem aventurosa. Ninguém vacila em seguir Vasco da Gama por toda a parte.
Na praia, guerreiros e marujos passeiam os seus fatos novos. Os ventos sossegados fazem ondular os estandartes nas fortes e belas naus que prometem tornar-se um dia estrelas brilhantes no céu da glória...
Estão as naus aparelhadas e os navegadores prontos para todas as traições e lutas do mar. Pediram a Deus, antes de partir, a protecção e ajuda, favor celeste que os guiasse. Por fim, saíram da Capela de Santa Maria para bordo. A gente da cidade acompanhou-os, em grande multidão, chorando e gritando. Suspiravam os homens que ficavam. Todos receavam a perda dos nautas nos desconhecidos oceanos que iam navegar. Mães, esposas, irmãs imaginavam já não os tornar a ver.


ADAMASTOR

Cinco dias depois da aventura de Veloso, numa noite em que sopravam ventos prósperos, uma nuvem imensa, que os ares escurecia, apareceu de súbito sobre as cabeças dos marinheiros. Tão temerosa e carregada vinha que os seus valentes corações se encheram de pavor. O mar bramia ao longe, como se batesse nalgum distante rochedo. Tudo infundia pavor.
Erguendo a voz ao céu, Vasco da Gama suplicou piedade a Deus. Mal acabava de rezar, um figura surgiu no ar, robusta, fortíssima, gigantesca, de rosto pálido e zangado, de barba suja, de olhos encovados e numa atitude feroz. Num tom de voz grosso, começou a falar-lhes.
Arrepiaram-se todos, só de ouvir e ver tão monstruosa criatura. Disse então o gigante, voltando-se para eles:
- Ó gente ousada, já que vindes devassar os meus segredos escondidos, que nenhum humano deveria conhecer, ouvi agora os danos que prevejo para vós, para a vossa raça, que subjugará, no entanto, ainda todo o largo mar e toda a imensa terra. Ficai sabendo que todas as naus que fizerem esta viagem encontrarão as maiores dificuldades nestes meus domínios. Punirei a primeira armada que vier aqui depois da vossa e os seus tripulantes mal sentirão talvez o perigo de me defrontarem. Hei-de também vingar-me de quem primeiro me descobriu, Bartolomeu Dias, fazendo-o naufragar aqui mesmo e outras vinganças imprevistas executarei...
Era tão assustador o que ele dizia, que Gama o interrompeu e lhe perguntou quem ele era e por que estava assim tão zangado.
Ele respondeu:
- Eu sou aquele cabo a que chamam Tormentório, andei na luta contra o meu deus, Júpiter, fiz-me capitão do mar e conquistei as ondas do oceano. Apaixonei-me então por Tétis, princesa do mar filha de Neptuno. Mas como eu sou tão feio, ela nem me podia olhar... Determinei conquistá-la à força e mandei participar esta minha intenção. Esta fingiu aceitar o meu pedido de casamento... julguei certa noite vê-la e supus que vinha visitar-me e combinar as nossas bodas. Corri para ela como um doido e comecei a abraçá-la. Achei-me, no entanto, de repente abraçado a um duro monte, pois Tétis transformara-se em rocha feia e fria. Vendo um penedo a tocar a minha fronte, penedo me tornei também de desespero. Para redobrar as minhas mágoas, Tétis anda sempre me cercando, transformada em onda.
Assim contou a sua história o gigante Adamastor ... E logo a nuvem negra se desfez e o mar bramiu ao longe.
Gama de novo rezou a Deus, pedindo-lhe que os guardasse dos perigos que o Adamastor anunciara.


A TEMPESTADE E A CHEGADA À ÍNDIA

...Queria Veloso continuar a heróica narrativa, quando o mestre do navio pediu aos seus ouvintes e a ele que estivessem alerta...
Desencadeia-se a terrível tempestade. Rompe-se a vela grande da nau de Veloso, pois não houvera tempo de amainá-la. Alaga-se o navio todo com as ondas, que o envolvem espumando, e a água entra pelos porões. Os marinheiros correm a dar à bomba, para evitar o naufrágio, que parece certo.
O navio maior, em que navegava Paulo da Gama, leva o mastro quebrado.
Tão perto da Índia estavam os portugueses e tão impossível se lhes afigurava lá chegar, nessa hora de tragédia!
Vasco da Gama, entre o fulgor da procela, ergue a alma a Deus e, enquanto os marinheiros lutam contra a fúria do Oceano, a Deus suplica porto e salvamento.
Sossega o mar, cala-se o vento um pouco, graças à intervenção Vénus e das Nereidas junto dos Ventos.
As naus portuguesas retomam outra vez o seu rumo para a Índia. Baco fora vencido de novo e já não poderia contrariar os desígnios da gente lusitana.
A manhã clareava nos outeiros por onde passa o rio Ganges, quando da gávea alta os marinheiros enxergaram terra, pela proa das naus.
O piloto melindano exclama que a terra que se avista enfim é Calecut, cidade da Índia."


Excerto da adaptação em prosa de Os Lusíadas, escrita por João de Barros.
Retirado do site http://jorge-almeida.blogspot.pt/ (consultado em 08/03/2015)

Episódio de "O Adamastor"

Para quem estiver interessado, aqui vai um link com informação bastante completa e correta sobre o episódio de "O Adamastor".


Bom estudo e bom trabalho...

Matriz para o 4º teste de avaliação

A estrutura do 4º teste vai ser semelhante à que temos vindo a fazer, pois temos de treinar a estrutura de exame.

Grupo I - Leitura e Educação Literária
- Texto A com perguntas de resposta fechada (escolha múltipla/verdadeiro-falso/ordenação de sequências...)
- Texto B com perguntas de resposta mais extensa
      . "Os Lusíadas" - Estudar todos os excertos trabalhados até agora - Proposição, Invocação, episódio do Consílio dos Deuses, Inês de Castro, Despedidas em Belém e Adamastor.
        Apesar de o episódio do Consílio dos Deuses já ter saído e de o do Adamastor, à exceção da turma D, não ter sido acabado de analisar, estudem na mesma, pois poderão sempre necessitar deles para fundamentar outra resposta no teste;
      . Recursos expressivos;
      Pergunta de resposta extensa (70 a 140 palavras) - texto expositivo ou de opinião:
      . Contextualização histórico-cultural da obra;
      . Qualquer um dos excertos estudados;
      . Estrutura externa e interna da obra, para situar os excertos na globalidade da obra, mas também para referirem aspetos formais da mesma;

Grupo II - Gramática
Qualquer conteúdo de gramática estudado este ano letivo, com maior incidência nos estudados no último teste, ao que se acrescentam os trabalhados nas últimas aulas:

- Classes de palavras, atenção a:
     . conjunções e locuções conjuncionais,
     . pronomes e determinantes relativos,
     . verbos/subclasses do verbo,
     . adjetivos, com tudo o que a eles diz respeito.
- Funções sintáticas:
    . sujeito/tipos de sujeito,
    . predicado,
    . complementos direto, indireto e oblíquo,
    . modificador do grupo verbal,
    . modificador de frase,
    . modificador do nome - restritivo e apositivo,
    . predicativo do sujeito,
    . complemento agente da passiva
- Orações coordenadas e subordinadas - todas
- Frase ativa e passiva

Grupo III - Escrita

- Texto argumentativo (texto de opinião, comentário crítico)

Bom estudo :)